sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Como num Conto de Fadas - Bruxelas ; Grand'Place




- Entrei num conto de fadas! -
Exclamou a minha filha.
Levava a Bebé ao colo
E o mano seguia a trilha.


A noite era de encantar.
Lindas torres esfumadas
Alongavam-se num céu
De baixas nuvens rosadas.


A combinação das luzes,
Azuladas e amarelas,
A realçar nos palácios,
As suas linhas mais belas.


E como flocos de neve,
Duma suave pureza,
Caía um leve chuvisco,
Presente da Natureza.


Todos nós, nesse momento,
Vivemos a fantasia
Dum lindo conto de Andersen,
Castelos, fadas, magia...


Eu queria ter talento
Para cantar o que vi.
Só não calo o coração,
Pelo encanto que senti.

Maria da Fonseca


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

No Rossio eram Gaivotas de Ilona Bastos



No Rossio eram Gaivotas

São os pombos, os melros e os pardais
os velhos, os novos e outras gentes
as flores, as bancas e os jornais
as fontes e seus jorros transparentes
as lojas, os cafés, as esplanadas
os turistas, os apressados, os indolentes
os gritos, os sussurros, as risadas
as verdes copas e as castanhas quentes


Porque assim é
e sempre foi na realidade...


Mas neste início de uma tarde calma
azul o céu, brilhante o sol, sereno o ar
tudo em redor ganhou uma nova alma
pois no Rossio eram gaivotas a voar.

Ilona Bastos

domingo, 23 de janeiro de 2011

Cai a Tarde no Jardim




Cai a tarde no jardim.
Faz parte da fantasia,
Que serena a minha alma,
Um concerto em sintonia.


À bela canção de amor
Prende-se o vivo gorjeio
Dos alegres passarinhos,
Saltitando em seu recreio.


E a cair sobre o ramo
Da verde árvore, frondosa,
Deixa-o a balouçar,
Uma ave graciosa,


Logo seguida p'las outras,
Em rodopio a brincarem.
A cena torna-se encanto
Pra meus olhos deslumbrarem.


A beleza do momento
Enternece o coração.
Será milagre eu viver
E sentir tal emoção?!


Milagre é a existência
De tudo o que me rodeia.
Cai a tarde no jardim.
Será Deus que me premeia?!

Maria da Fonseca


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Que Deus Ajude de Maria João Costa




Que Deus ajude


 
Montanhas abertas em abismos, ruindo
em pleno dilúvio de lama,
é o fim do mundo, de um mundo
ou de tantos quantos pereceram
nessa voragem…
Para isto não há poemas nem palavras,
Apenas esmagadora angústia
Ou o grito…
Que Deus ajude,
Que Deus ajude,
É o meu pedido e o meu anseio.
A Fé de todos terá que ser mais forte
Que este frágil milagre que é a vida.

Maria João Costa

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Convite à Oração




Se tu sentes, minha Amiga,
Que te conforta rezar,
Ergue ao Senhor a tua alma
E não cesses de O louvar.


Se sentes profundo anseio
Partilhar o teu sofrer,
Exprime-o em oração
Nisso empenha todo o ser.


Se sentes que a tua vida
Renasce com devoção,
Ao longo de todo o dia
Deixa orar teu coração.


E logo que em Deus pensares
Te sentirás mais feliz.
Dá-lhe pois todas as graças
P´lo bem que sempre te quis!

Maria da Fonseca


sábado, 15 de janeiro de 2011

Meus Devaneios



Meus singelos devaneios
Surgem lentos, devagar,
Deste coração se evolam,
Gotas da beira do mar.

Molham a areia da praia
Com que levanto castelos,
Mas vem a onda e não deixa,
Que me perca em meus anelos.

Ao desfazer da escumilha
Insiste o meu devaneio.
Olho ao longe o grande mar,
"Que tu chegues, é o que anseio.

Neste coração habita
Desde sempre, o teu ardor.
Continuarei a sonhar
Só contigo, meu amor".

Transformar meus devaneios
Em viva realidade,
Meu desejo confessado
Pra alcançar a f'licidade!

Maria da Fonseca


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Porque sofrem?



São mais que irmãos para mim,
Sofro por vê-los sofrer!
A inclemência não tem fim,
Tragédias de estarrecer!


Os elementos em fúria,
O maior pavor, libertam.
Por todo o lado há incúria,
Desarmonias despertam.


Chuvas, trovões, vendavais,
Rios fora do seu leito
Arrastando imparciais
Tudo o que ali fora feito.


E perdendo o que têm,
Perdem por vezes a vida.
Tantos ficam sem ninguém,
Órfãos de amor e guarida.


Este planeta que herdámos
Legado pelos Avós,
Porque é que o malbaratamos?
Para que lutamos nós?


Basta de tanta vontade
De explorar a nossa Terra.
É tal a voracidade
Que a natureza encerra!


Sejamos bons e honestos.
Senhor Deus do Universo,
Inspirai os nossos gestos
Neste mundo controverso.

Maria da Fonseca


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Idade de Ouro


Quero-te amar assim intensamente
Enquanto fores meu e eu tua for
Vivendo nosso grande e terno amor
Na ânsia de uma busca permanente.



Era então este o meu desejo ardente
Ao dar meu sim com cândido fervor
No dia em que vestidos a rigor
Nos unimos de forma reverente.



Desde aí, cada vez eu mais te quis
Em todos os climas, todo o matiz,
Companheiro da minha vida inteira.



Meu querido, sou tua companheira
A comemorar hoje a verdadeira
Idade de ouro de um amor feliz.

Maria da Fonseca

sábado, 8 de janeiro de 2011

Noite Branca

Gelada a noite ao luar
Da lua cheia, em Janeiro.
Noite branca, transparente,
Em que o frio é companheiro.

Não se compadece o belo
Da pobreza sem abrigo.
Quantos penam, deambulam,
Mas porquê tanto castigo?

Noite amarga, lua linda,
Prateada pelo Sol,
Em sua luz radiante
Não tem calor que console!

Que fizemos nós, meu Deus,
Que ofendesse a Natureza
Pra nos maltratar assim,
Altiva em sua beleza?!

Pelo que meus irmãos sofrem
Chora pois meu coração.
Roda o vento, vem a chuva
E continua a aflição.

A quem falta condições
Devemos agasalhar.
Estendamos nossas mãos
Pr’ os podermos ajudar. 

Maria da Fonseca

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Prima Ballerina

O Lago dos Cisnes, espectáculo do Russian State Ballet,
adaptação de Viatcheslav Gordeev


Subiu o pano de cena.
Logo todos se calaram.
Vamos ver o último Acto,
Alguns acordes soaram.


Sentadas no camarote,
A Sara e eu à espera.
A bruma sobe do lago
A enfeitiçar a atmosfera!


Os cisnes, que são meninas,
Deslizam com ar tranquilo.
Parecem demais etéreas,
Belas figuras de estilo.


A música é muito triste,
Melancolia do drama.
Os dezasseis lindos cisnes
Rodeiam o que mais ama.


Sofre porque foi ferida,
Vítima do bruxo mau.
Ele serviu-se da filha,
P’ra imitá-la no sarau.


Assim seduzido o príncipe
Quebrou a jura prestada.
E condenou para sempre
Ao encanto, a sua amada.


Perante a amarga verdade,
Célere correu p’ró lago,
A evitar a maldição.
Mas foi seguido p’lo mago!


Há então a grande luta
Entre o bruxo e o belo amado.
Ele venceu o feitiço,
Mas queda-se inanimado.


E a tua mãozinha, Sara,
A tremer na minha mão,
Como avezinha sensível,
Perante a revelação.

Na pálida madrugada
Voltara a viver menina,
Debruçada sobre o Príncipe,
Nossa “Prima Ballerina”.


E, de coração tão puro,
Segue com seu bem amado.
Partilhar um grande amor,
Eternamente a seu lado!

Maria da Fonseca

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Piar dos Passarinhos


De manhã escuto o piar
De tão gentis passarinhos,
Ao sair da minha casa,
A espreitarem dos seus ninhos.


Apesar de Inverno ser
E o dia estar cinzento,
Eles chilreiam alegres
Em amável cumprimento.


Sinto que são meus amigos
E que sabem quanto os amo.
Gosto tanto de os cantar,
Sua viveza proclamo.


E se os não ouço, Deus meu,
Fico bem preocupada.
Lesta apuro o meu ouvido,
Nos ramos não vejo nada!


São tal como as folhas secas,
Castanhos, arredondados.
E se forem doutra espécie,
Quedam-se mais afastados.


Pareceu-me ouvir seu canto
Agora com nitidez!
O meu jardim entristece
Se não escuto vocês!

Maria da Fonseca

sábado, 1 de janeiro de 2011

Primeiro de Janeiro


O primeiro de Janeiro
Tão húmido e enevoado!
Mas meu coração se alegra
Neste dia abençoado.


-Tensão superficial?!
'Stão as gotas repousadas
Nas folhinhas dos arbustos
Como pérolas nevadas.


- É verdade, minha Filha.
- Dizem que são amigáveis
As moléculas da água.
- Propriedades amoráveis!


O meu Neto vem 'spreitar
Vê, retém e não diz nada.
Segue o caminho connosco.
Eu sinto-me bem-amada.

Maria da Fonseca